Um bebezinho prematuro foi entregue por sua mãe biológica para adoção. O bebezinho nasceu antes da mãe completar os nove meses de gestação e precisou de alguns cuidados especias no hospital público onde nasceu. Assim que recebeu alta foi levado para a Vara da Infância e Juventude do Rio de Janeiro.
A mãe declarou que não tinha condição de criar o filho e gostaria de dar em adoção.
A Juíza determinou fosse chamado o primeiro casal da lista do Cadastro Único. Esta lista é composta de pessoas habilitadas para adoção. A habilitação é um procedimento onde as pessoas interessadas são ouvidas em seus interesses e recebem orientação de assistentes sociais e psicólogas sobre o caminho da adoção e suas consequências e são avaliados.
Habilitados pelo Juízo podem receber uma criança em adoção.
O bebezinho, que chegou no mundo há pouco, foi entregue ao primeiro casal da lista.Logo depois foi trazido de volta à Vara da Infância e Juventude. Não houve adaptação.
A Juíza chamou o segundo casal da lista do Cadastro Único.
O casal levou o bebezinho e como se faz com o filho que acaba de chegar levaram-no ao médico, fizeram exames e receberam um laudo de que o bebezinho tinha problemas graves na retina. Um dos olhos com sério comprometimento e o outro em situação grave. Havia recomendação de tratamento médico imediato e até cirurgia oftalmológica.
O casal entendeu que deveria entregar a criança na Vara da Infância e Juventude.
Pela terceira vez o bebezinho, com dias de vida, comparece à Vara.
Mas desta vez algo teria que ser diferente. Como um bebezinho tão lindo e adorável poderia retornar perante uma Juíza pela terceira vez e não para uma Mãe e um Pai que o acolhessem como ele era, um lindo bebê. O problema de saúde que apresentava não tirava dele a condição de um bebê recém nascido. O que se faz quando um filho biológico nasce com problemas de visão? Confere-se o tratamento médico, cuida-se com todo amor e carinho. Era isso que o bebezinho precisava. Amor, tratamento, carinho, cuidado.
Chega de ir visitar a Juíza! Agora é hora de ficar com a Mamãe.
Curiosamente uma pequena nota no jornal, na coluna do Anselmo Goes, do jornal O Globo, causou uma mobilização intensa. No mesmo dia da notícia no jornal, diversas pessoas de várias profissões procuraram a Juíza para oferecer ajuda, para realizar a cirurgia sem nada cobrar, para cuidar e dar o que aquele bebezinho deveria receber.
Finalmente o Cadastro Único passou a ser o da criança. Na fila de espera não estava mais o bebezinho, oferecido para quem poderia ou não aceitá-lo. O bebezinho passou a escolher não pela ordem dos adultos, mas pela ordem do coração. Quem o amava incondicionalmente sem sequer o ter visto? Quem queria cuidá-lo sem pensar que era um boneco com defeito de fabricação? Quem não o devolveria como se fosse um brinquedo para uma loja?
Finalmente, seus pais chegaram. Vieram buscá-lo. Vão cuidar dele. Amá-lo. Dar o tratamento médico para que possa exergar este mundo e ver que o ser humano tem muito valor e que vale acreditar que é possível ser feliz e que o ser humano merece credibilidade.
A Juíza dormirá hoje com o coração um pouquinho mais aliviado sem esquecer que amanhã tem mais.
4 comentários:
essa é uma história interessante
Aplausos para essa história!!!
fiquei emocionado
muito bonita a história,estamos,estamos querendo adotar uma criança na minha cidade,nós já a amamos e ela nos ama,mas não estamos no cadastro,pq queremos ela.mas existem muitos casos desses pelo Brasil afora.
Postar um comentário