Uma sentença proferida na comarca de Timóteo (MG) condenou, em primeira instância, o casal Cleber e Bernadeth Nunes por "abandono intelectual" dos dois filhos. Estes são educados exclusivamente em casa há quatro anos, quando os pais tiraram os adolescentes de 15 e 16 anos da escola. A família tem ainda uma outra criança, de dois anos de idade.
O casal é adepto da prática de ensino chamada "homeschooling" (ensino domiciliar), que nos Estados Unidos reúne cerca de 1 milhão de adeptos mas que é proibida no Brasil.
Antes de tomar a decisão, o juiz Eduardo Augusto Guastini determinou que os adolescentes fizessem uma prova de conhecimentos gerais elaborada pela Secretaria de Educação de Minas Gerais. Os irmãos fizeram os exames durante quatro dias e conseguiram notas 68 e 65. O mínimo para aprovação era 60.
No Brasil, a frequência em sala de aula é prevista em lei. O Estatuto da Criança e do Adolescente determina que os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.
A condenação imposta é bizarra: multa de R$ 68. Um décimo do salário mínimo (R$ 51,00) a ser pago por Cleber e um trigésimo (R$ 17 reais) pela esposa.
Eles dizem que vão recorrer e manter os filhos estudando em casa. "Essa sentença é absurda por condenar pais que tomaram uma atitude drástica para obter o melhor para seus filhos," afirma Cleber.
"Nós temos a nossa vida social e a nossa vida normal aqui; mesmo em casa, temos amigos e praticamos esportes" - afirma a mãe.
Para a família, o resultado prova que os adolescentes não foram abandonados intelectualmente e vai recorrer da decisão.
Mais detalhes
* Segundo a imprensa de Minas Gerais, a sala de aula deu lugar à sala de jantar, na casa da família Nunes; no lugar dos professores, os pais. É assim que os irmãos Jônatas de Andrade Nunes e David de Andrade Nunes estudam.
* "É a insatisfação com o ensino regular e de como eles eram ensinados na escola que me fizeram tomar essa decisão", afirma o pai dos meninos, Cleber de Andrade Nunes.
* Ele complementa que "o método de ensino foi adotado com base em uma prática norte-americana que tem cerca de um milhão de adeptos. Na escola, os professores dão as provas, mas em uma semana o aluno já esqueceu tudo; aqui não; aqui a gente aprende e é avaliado na prática".
* Segundo o especialista em Sociologia e Educação, Rudá Ricci, "o estudo tem que estar associado à convivência social". O sociólogo complementa que "obviamente que os pais estão pensando no melhor para seus filhos; o problema é que a educação não serve apenas para o sucesso individual deles, pois a educação é socialização e em casa eu só vou ter os iguais, aqueles que pensam como eu penso como os meus pais pensam. É fora de casa, em um processo de educação com pessoas com hábitos diferentes e regiões diferentes, que faz com que eu me eduque para a sociedade" - conclui Ricci.
retirado do Portal IBDFAM - http://www.ibdfam.org.br/
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