Seguradora já vende cobertura anti-bullying
Regiane de Oliveira
Em linha com as discussões públicas sobre como prevenir violência nas escolas, Ace lança cobertura contra o problema.
Um vídeo que ficou famoso no Youtube mostrava o garoto australiano Casey Haynes, de 15 anos, enfrentando a tapas colegas de escola. A violência foi gerada por anos de agressões físicas e verbais, que fizeram com que Casey chegasse a pensar em suicídio e escancarou ao mundo o triste cotidiano das crianças e jovens que sofrem bullying. No Brasil, essa questão já é assunto de política de Estado.
O tema é foco de diversos projetos de lei que tramitam no Congresso, e até ganhou representação própria, a Frente Parlamentar de Combate ao Bullying e à Violência. Agora, desperta atenção também do mercado financeiro nacional.
A ACE Seguradora lançou um produto no mínimo inovador: seguro contra bullying nas escolas, que toma carona da onda de processos movidos por pais por causa da violência sofrida por seus filhos no ambiente escolar e promete dar garantia jurídica às escolas e professores. O prêmio do seguro é a partir de R$ 100 mil, segundo valor de sinistro escolhido pela instituição.
A empresa vem desenvolvendo a ideia desde o ano passado, em linha com o crescimento no número de casos de bullying no Brasil. De acordo com Roberto Guimarães Uhl, que coordena a área de responsabilidade civil da ACE, este tipo de cobertura é comum em outros países.
Trata-se de um seguro de Responsabilidade Civil Profissional, conhecido como E&O - Erros & Omissões (Errors & Omissions, em inglês) -, que serve para cobrir as reclamações originadas do exercício da atividade profissional do segurado, decorrentes de suas ações ou omissões involuntárias e que venham a causar danos a terceiros. E que no Brasil, foi ganhou também uma cláusula de cobertura contra casos de bullying.
"No país já é comum as empresas adquirirem seguro de responsabilidade civil com foco no uso de conservação de imóveis, mas o seguro profissional ainda é novidade", conta.
No longo prazo, a seguradora, que já tem quatro contratos assinados do produto, espera criar um banco de informações, com dados estatísticos sobre ocorrência de violência nas escolas e ajudar os segurados com os melhores procedimentos para combater o bullying.
A falta de conhecimento sobre o assunto é considerado um dos maiores problemas das escolas. A Frente Parlamentar de Combate ao Bullying, inclusive, destaca a iniciativa do deputado Fábio Faria (PMN/RN) de sugerir ao ministro da Educação, Fernando Haddad, a realização de pesquisa nacional sobre casos de bullying nas escolas públicas de ensino fundamental e médio.
"Os números brasileiros apontam para algo em torno de 45% de nossos jovens sofrendo do problema, seja como vítima, seja como agressor", afirma o deputado Marcelo Aguiar, vice-presidente da frente parlamentar contra o bullying. " Eu acredito que esse número é ainda maior porque muita gente sofre tanto que não tem nem coragem de denunciar."
Gerenciamento
"As instituições de ensino têm que começar a fazer gerenciamento de risco, porque casos de bullying são difíceis de eliminar, mas é possível prevenir", afirma Uhl. Esta lição é seguida à risca por uma escola em Brasília, que investe em prevenção para evitar problemas com bullying. A instituição contratou o seguro de responsabilidade profissional, que cobre, entre outros casos, processos por bullying.
"É uma precaução. Nunca tivemos problemas na escola em 30 anos", conta Shahbaz Fatheazam, diretor-financeiro Escola das Nações, que atende com ensino bilíngue estudantes de 34 nacionalidades. A instituição conta com programas de prevenção, desde a educação infantil.
Do site Brasil economico
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