quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Censo: perfil da família brasileira mudou com enteados e casamentos informais


Mariana Costa, do R7 no Rio
 Número de pessoas que vivem sozinhas também cresceu

O perfil das famílias brasileiras mudou e muito nos últimos dez anos. Ao lado do tradicional modelo composto de pai, mãe e filhos, crescem os casos em que o núcleo familiar é composto também por crianças de outros relacionamentos. O casamento – na igreja ou no civil – também está perdendo espaço para as uniões consensuais, quando os casais decidem apenas “juntar os trapos” sem oficializar a relação.
É o que revelam os números do Censo 2010, divulgados nesta quarta-feira (16) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que também mostraram um aumento no número de brasileiros que vivem sozinhos.
Segundo o levantamento feito pelo IBGE, 8,4% das famílias vivem com filhos que são frutos de outros relacionamentos, de um dos dois ou mesmo de ambos.

Outra mudança significativa é a escolha pela união estável, em detrimento do casamento “no papel”. As chamadas uniões consensuais cresceram de 28,6% para 36,4% em dez anos, enquanto o casamento tradicional caiu de 49,4 em 2000 para 42,9% em 2010.
O número de pessoas que moram sozinhas aumentou de 8,6% para 12,1% em uma década. Nesse ranking, o Rio de Janeiro tem 15,6% de casas com apenas um morador, seguido pelo Rio Grande do Sul, com 15,2%. Na outra ponta do ranking estão Amazonas (8%) e Maranhão (8,1%).
Para a presidente do IBGE, Wasmália Bivar, as políticas públicas devem ser planejadas de acordo com essa “nova família”.
- Há uma mudança naquilo que se chama família. A família tradicional ainda existe em uma proporção bastante elevada. Mas hoje ela convive com outro tipo família. Culturalmente o país está mudando. É preciso que haja uma mudança também no que devem ser as políticas públicas. A sociedade e o poder público têm que se relacionar com essa nova família.

Brasileiras têm menos filhos e engravidam bem mais tarde
Com presença cada vez mais consolidada no mercado de trabalho, mais anos de escolaridade e responsabilidades assumidas, as mulheres brasileiras estão tendo menos filhos e deixando a maternidade para mais tarde. Além disso, são maioria entre a população que deixa o país para trabalhar no exterior. De cada dez famílias, quatro são chefiadas por mulheres.
A taxa de fecundidade despencou da média de 2,38 filhos por mulher para apenas 1,86, seguindo a tendência de queda na natalidade observada no país desde os 1960, quando a média era de seis filhos por família.
O impacto da popularização da pílula anticoncepcional começou a ser sentido com mais força a partir da década de 80, quando a fecundidade ficou em 4,4 filhos por mulher.

Com isso, as taxas de crescimento também perderam força. Hoje, ela é de 1,17% ao ano e a tendência é diminuir. O IBGE estima que, no período de 2010 a 2015, será de 0,89%.
Com recursos próprios, as brasileiras se tornaram mais capazes de decidir sobre o próprio destino. A presidente do IBGE, Wasmália Bivar, considera positiva a inversão nos índices, com as mulheres optando pela maternidade entre os 25 e 35 anos.
- Para as mulheres e a sociedade como um todo é muito melhor. Significa que você tem menos jovens, especialmente jovens adolescentes tendo filhos. São mães mais maduras e, portanto, preparadas para essa nova etapa da vida, não só em termos financeiros, mas emocionais também.

População brasileira mais que triplicou em 60 anos
A população brasileira atingiu um total de 190.755.799 habitantes, segundo os resultados do Censo 2010. O total mais que triplicou nos últimos 60 anos. Na década de 1950, a quantidade não passava de 51 milhões.
Nos anos 50 e 60, o país registrou as maiores taxas de crescimento, chegando a quase 3% ao ano. Com isso, era possível duplicar a população em aproximadamente 24 anos. Naquela época, as mulheres tinham muitos filhos (mais de 6) e as taxas de mortalidade caíam, ou seja, mais bebês conseguiam sobreviver.

Urbano e rural

Em 2010, a população urbana chegou a 160, 9 milhões, representando 84,4% do total. Os moradores da zona rural somam 29,8 milhões, ou 15,6% do total.
Nos últimos 60 anos, o país praticamente inverteu a relação entre população urbana e rural. Em 1950, quase 64% dos brasileiros moravam nas áreas rurais. O processo de industrialização iniciado a partir da Segunda Guerra Mundial fez com que boa parte dessa população migrasse para as cidades.


Foi em 1970 que o número de habitantes residindo em áreas urbanas ultrapassou o de áreas rurais pela primeira vez.

Cidades pequenas
Boa parte das cidades brasileiras são pequenas e médias. Apenas 40 têm mais de 500 mil habitantes. Cerca de 28% têm entre 20 mil e 500 mil pessoas; 31% têm entre 8.000 e 20 mil.
Os menores municípios, com até 2.500 moradores, são 260.
Idade e sexo
O Brasil está envelhecendo. Enquanto a idade média dos habitantes em 1991 era de 26,5 anos, em 2010 foi de 32,1 anos. As mais altas idades médias são encontradas nas regiões Sudeste e Sul, tanto na área urbana quanto na rural. No Rio de Janeiro, a média é 34,5 anos. No Rio Grande do Sul, 34,9 anos.
Nas áreas rurais, há mais homens que mulheres – são 111,1 deles para cada grupo de 100 delas. Isso porque as atividades agrícolas fazem com que mais trabalhadores permaneçam no campo.
Nas cidades, há 93,4 homens para cada grupo de 100 mulheres. Apesar de nascerem mais crianças do sexo masculino, há mais mulheres que homens em razão dos diferenciais de mortalidade existentes entre os sexos: mais homens morrem ao longo da vida.
A coleta do Censo Demográfico 2010 foi realizada no período de 1º de agosto a 30 de outubro de 2010.


 do site R7 noticias

 

 

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